A restrição da oferta mundial e alta de 189% no preço do cacau no mercado internacional produzirá impactos na Páscoa deste ano. Nos supermercados cearenses, os ovos de chocolate ficarão, em média, 15% mais caros, segundo a Associação Cearense de Supermercados (Acesu).
"Esse crescimento de preço ocorre devido ao aumento nos custos de produção e insumos, além das variações de mercado típicas do período", detalha Claudia Novais, presidente da Acesu.
Além disso, ela pontua que os supermercados estão adotando estratégias para minimizar os impactos ao consumidor final, como a realização de ofertas promocionais e redução das margens de lucro em determinados produtos.
"O objetivo é equilibrar preços e oferecer opções acessíveis, garantindo que os clientes possam continuar comprando dentro de suas possibilidades durante esse período de maior demanda".
“O custo foi altíssimo para a indústria e uma parte teve que ser repassada em preço, mas não a totalidade. O gap entre o custo e o repasse é maior (do que em outras categorias)”, disse Gustavo Bastos, presidente do Conselho Diretor da entidade.
Ele prossegue detalhando que deve ser observada nesta Páscoa uma oferta maior de produtos “que tragam mais ingredientes na composição”. “Por exemplo, um ovo com recheio de biscoito, como o Serenata, porque tem um pouco menos de cacau na totalidade. É uma forma de lidar com essa situação”, afirma ele.
“Os preços não vão descolar do mercado de chocolates, seguindo o que se observou ao longo dos últimos 12 meses. A Páscoa é tardia este ano, vai ser meio de abril, mas se observarmos a evolução do mercado de chocolates em um ano, vai ser mais ou menos o que se observará no mercado de ovos de Páscoa”, frisa o presidente do Conselho Diretor da Abia.
A compra de ovos de chocolate para a Páscoa (ovos e outros produtos temáticos de chocolate) já foram negociadas pelo setor supermercadista cearense, segundo a Acesu, e os produtos devem ser recebidos no início de março.
Oferta mundial de cacau
Ao citar as commodities que tiveram forte elevação de preços, a Abia pontuou que, em junho de 2024, o cacau chegou a ter um pico de quase 300% e “grande parte da alta não é repassada, sendo absorvida pela indústria”, que busca otimizar custos com investimento em tecnologia.
“Os maiores produtores de cacau, na África, estão sofrendo com a crise climática e também sanitária, diminuindo a oferta”, disse o presidente do Conselho Diretor da Abia.
Ele lembra que o Brasil já teve protagonismo mundial na produção da commodity e que pode recuperar esse espaço. “A produção local tem aumentado, o que ajudou a segurar essas pressões globais”. Hoje, de acordo com ele, o Brasil é o sétimo maior produtor de cacau.