Uma demanda da própria categoria, a seleção pública de professores temporários para escolas da rede estadual do Ceará tem sido marcada por instabilidades, “falta de zelo” e angústia. Ao longo do processo, candidatos denunciaram falta de clareza sobre resultado da prova de títulos, problemas na etapa de heteroidentificação e no sistema de lotação.
A seleção pública foi lançada em outubro de 2024, por meio do edital n.º 008/2024, com objetivo de suprir as necessidades das escolas da rede pública estadual. Todas as áreas de conhecimento da educação básica foram contempladas, e os profissionais selecionados vão compor o banco de docentes para contratação por tempo determinado.
O certame contou com cerca de 40 mil inscritos e 31 mil aptos a ocuparem vagas temporárias, que somam aproximadamente 12 mil, segundo dados do Sindicato dos Servidores Públicos lotados nas Secretarias de Educação e de Cultura do Estado do Ceará (Apeoc).
A realização de um processo seletivo “mais justo” e “transparente” foi uma das demandas apresentada durante a greve da categoria em 2024, explica uma docente temporária, que não será identificada, em entrevista ao Diário do Nordeste. Porém, segundo ela, houve problemas desde as regras do edital até o processo de lotação dos professores aprovados.
Em meio aos impasses com as convocatórias dos professores temporários, o início do ano letivo foi adiado para o dia 5 de fevereiro, diferente da programação anterior. Segundo o calendário letivo publicado pela Secretaria da Educação do Estado (Seduc), o retorno das aulas estava marcado para o dia 3 de fevereiro.
“A decisão visa garantir o acolhimento adequado de estudantes e professores, além de assegurar uma organização pedagógica eficiente para o início das aulas”, informou a Seduc, em nota.
Questionada pelo Diário do Nordeste sobre a relação do adiamento com os problemas na seleção pública, a Pasta disse que “esse adiamento do início das aulas pode permitir que mais professores aprovados sejam lotados nas escolas desde que exista carência”.
Queixas em relação ao processo seletivo
Uma das críticas é relacionada ao peso da prova e dos títulos para a nota final. O edital previa que a prova objetiva iria valer, no máximo, 40 pontos e o currículo do candidato, 60 pontos. “Muitos professores que porventura tivessem acertado menos questões poderiam ir lá para frente porque tinham mais títulos que outros”, reclama a docente.
Com o resultado da prova de títulos, no início de janeiro, candidatos denunciaram que o Instituto Avalia, responsável pela realização do certame, zerou ou invalidou documentos sem fornecer explicação. “Eu tenho graduação, mestrado e especialização, e quando saiu o resultado dos títulos, a minha pontuação estava simplesmente zerada, sem nenhuma justificativa”, conta a professora ouvida pela reportagem.
Segundo levantamento dos próprios profissionais, o problema afetou pelo menos 11 mil candidatos.
Professores enfrentam problemas na lotação
Uma fonte ouvida pela reportagem explicou que a etapa de lotação estava prevista para começar no dia 22 de janeiro, mas só no dia 27 os primeiros editais de convocação foram divulgados no sistema. Essa etapa consiste na divulgação de editais, com as carências escolares, que ficam abertos durante 48 horas para que os professores possam se inscrever — semelhante ao que ocorre no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
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