A relação entre Cid Gomes (PDT) e Luizianne Lins (PT), marcada por momentos de alianças e embates políticos ao longo das últimas décadas, ganhou novos contornos nos bastidores da política cearense. Após anos de distanciamento, os dois líderes têm ensaiado uma reaproximação estratégica que vai além de encontros casuais.
Recentemente, uma foto publicada pela deputada federal em suas redes sociais, ao lado do senador, chamou a atenção e sinalizou que as conversas entre os dois continuam e refletem articulações que podem impactar o cenário eleitoral de 2026, quando duas vagas ao Senado e o governo do Ceará estarão em jogo.
Esta coluna apurou que, no ano passado, durante as tratativas para a sucessão municipal em Fortaleza, Cid atuou discretamente em diálogo com Luizianne. Na ocasião, o senador tentou articular um apoio dela à candidatura de Evandro Leitão (PDT) à Prefeitura, em troca de uma possível candidatura ao Senado para a petista em 2026.
Apesar das negociações, Luizianne foi derrotada internamente no PT e só se engajou na campanha de Leitão no segundo turno, em um gesto considerado mais pragmático do que comprometido. Mesmo sem uma aliança concreta naquele momento, entretanto, os dois líderes mantiveram o diálogo.
A reaproximação ocorre em um momento delicado para Luizianne, que tenta recuperar espaço dentro de um PT dominado atualmente pelos grupos de José Guimarães e Camilo Santana. A aliança partidária governista, que garantiu as vitórias de Elmano de Freitas no governo estadual e de Evandro Leitão na capital, obriga Luizianne a se movimentar. A reaproximação com Cid, nesse contexto, serve como um movimento estratégico para mostrar mobilidade e capacidade de reconstruir diálogos.
Cid Gomes, por outro lado, segue como figura central na base governista, mas recentemente protagonizou um episódio que forçou as lideranças estaduais petistas a se movimentarem. Ele demonstrou insatisfação com a crescente concentração de poder do PT no episódio da indicação de Fernando Santana à Presidência da Assembleia Legislativa. A sinalização de possível rompimento gerou um reboliço no grupo, e, ao final, Fernando recuou, abrindo espaço para Romeu Aldigueri (PDT).
Com o tabuleiro eleitoral já se movendo, Luizianne e Cid têm interesses que podem convergir ou colidir. Enquanto a deputada almeja espaço em uma disputa majoritária, possivelmente ao Senado, Cid, que já ocupa o cargo, também pode concorrer à reeleição.
A publicação da foto entre os dois líderes, portanto, vai além do simbolismo: é uma demonstração de que as peças do xadrez eleitoral estão em movimento. Para ela, é uma forma de sinalizar aos seus correligionários que ainda possui alternativas viáveis. Para Cid, manter o diálogo com a petista serve como um contrapeso ao crescimento do PT dentro da aliança governista.
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