A bandeira vermelha faixa 2 deve aumentar em 15% a conta de luz dos cearenses. O cálculo foi feito pelo diretor de Regulação do Sindienergia-CE, Bernardo Santana. Os novos valores estão valendo desde o dia 1º de setembro e já devem ser sentidos na próxima conta de energia elétrica.
Essa bandeira, considerada a mais alta do sistema elétrico brasileiro, acrescenta R$ 7,87 a cada 100 quilowatts-hora (kWh). No Ceará, antes do seu acionamento, o 100 kWh custava R$ 96. No valor bruto, o aumento representa cerca de 9%, segundo Santana. Porém, ele reforça que esse valor é sem a incidência de impostos.
“Então, de fato, (além do acréscimo do valor) ainda vai ter 22% de ICMS e quase 10% de PIS e Cofins. Ou seja, são mais 30 e tantos por cento em cima dos 7,8 reais a cada 100 kW. Assim, o que era R$ 96 na conta do Cearense, vai passar para quase R$ 110”, explica.
O diretor de regulação lembra que a bandeira tarifária é um mecanismo criado pelo governo federal para representar e conscientizar o consumidor de aumentos abruptos na energia. “Além de representar um custo elevado na compra dessa energia que geralmente é energia térmica, que é cara e suja, infelizmente”.
Ele aponta como motivos para essa decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a situação hídrica brasileira desfavorável, com reservatórios baixando rapidamente e não recebendo reposição com as chuvas.
Preço de alimentos e outros produtos são impactados
Setores da economia já apontam aumento em preço de alimentos e outros produtos para o consumidor final. A agricultura de grãos como milho, soja e arroz deve ser impactada por conta do uso de energia elétrica para irrigação. Isso afeta o custo da produção de gado, porcos e aves.
Além disso, laticínios, que precisam de energia elétrica em toda a cadeia de produção, para armazenamento e industrialização, também devem ter preço ao consumidor final afetado. Supermercados, por sua vez, para manterem funcionamento de freezeres e outros equipamentos, também devem ter custo do serviço ampliado com a conta de luz mais cara e isso é repassado nos preços de todos os produtos.
Há tendência de serviços que utilizam muito a energia elétrica, como salões de beleza e estéticas, aumentarem o valor dos procedimentos por conta da alta dos custos.
Entenda melhor esse aumento
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionou a bandeira vermelha 2, em meio à redução no nível de água dos reservatórios brasileiros. Conforme a Aneel, esta é a primeira vez em cerca de três anos que esta bandeira é acionada. A última vez foi em agosto de 2021.
"Uma sequência de bandeiras verdes foi iniciada em abril de 2022 e interrompida apenas em julho de 2024 com bandeira amarela, seguida de bandeira verde em agosto", detalhou a Agência.
O aumento no valor da energia ocorre devido à seca no Brasil e a previsão de chuvas abaixo da média em setembro. A expectativa é "de afluência nos reservatórios das hidrelétricas do país (em cerca de 50% abaixo da média)", diz a Aneel.
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